quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

EMPRESAS PRESSIONAM E CAIXA REVÊ PREÇOS DA CONSTRUÇÃO


Banco contrata FDTE para fazer estudo minucioso no Sinapi, indicador que baliza os custos da construção civil no país

Regiane de Oliveira e Carolina Pereira

Por que grandes projetos do governo, como o "Minha Casa, Minha Vida" não avançam em de terminadas regiões? Segundo reclamação comum das grandes construtoras e fornecedoras do setor, os valores pagos pelo governo federal estão defasados em relação aos preços de mercado. Agora, após muita pressão das empresas, o governo decidiu rever o indicador usado como parâmetro para compras públicas, financiamento imobiliário e licitações, o Sistema Nacional de Pesquisa de Custas e índices (Sinapi).

A Caixa Econômica Federal (CEF) contratou a Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE) para revisai- o Sinapi. CEF e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são responsáveis pela divulgação, metodologia de calculo de preços e controle de qualidade dos indica dores (ver matéria abaixo).

A medida vem bem a tempo. Segundo Sérgio Watanabe, presidente do SindusCon SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), a revisão dos índices do Sinapi tem sido uma reivindicação do setor junto à CEF há mais de quatro anos. "É muito difícil um preço unitário contemplar todo o Brasil, por isso essa questão é tão polêmica", diz.

Para ele, a FDTE deve ouvir o mercado e discutir estas questões com as empresas do setor enquanto prepara a revisão. "A área de construção tem visto as imensas controvérsias do Sinapi, temos interesse em discutir", afirma Watanabe. Edson Femandes, gerente nacional do PSQ Programa Setorial da Qualidade e membro da Afeal-Associação Nacional dos Fabricantes de Esquadrias de Alumínio, também confirma que a entidade solicitou revisão nos preços praticados pelo indicador do governo no ano passado. "Fizemos um levantamento com fabricantes de várias regiões e os preços efetiva mente praticados não batiam com os que estavam no Sinapi." Fernandes afirma que a Afeal não recebeu uma resposta oficial da CEF. "Acredito que a contratação da FDTE seja a resposta às demandas do setor, afinal."

 Plano de ação

A revisão do Sinapi será coordenada pelo professor Ubiraci de Souza, especialista em indicadores que ajudem no prognóstico de obras da construção civil, com apoio da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

De acordo com Souza, o trabalho de revisão das cerca de 5 mil composições de serviços que formam o Sinapi deve levar entre três e cinco anos. A expectativa é que as atualizações sejam feitas imediatamente após cada revisão. "O objetivo é termos bons indicadores para ajudar nas decisões de compras dos órgãos públicos", diz.

Souza afirma que os novos indicadores vão melhorar as discussões sem relação aos preços praticados pelos governos. "Hoje há discussões muito paradigmáticas. Em São Paulo, por exemplo, sabemos que várias empresas não participam do programa 'Minha Casa, Minha Vida' alegando custo. Mas o que na composição desse custo afeta essa decisão?"

De acordo com Souza, o foco do trabalho será rever principal mente as variáveis físicas que compõe o preço dos produtos e serviços. "Quanto quilo de cimento é preciso para determina da obra, quantas horas de trabalho de um servente e quantas horas de uma betoneira, por exemplo", explica.

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 "É muito difícil um preço unitário contemplar todo o Brasil, por isso essa questão é tão polêmica''

 Sérgio Watanabe
 Presidente do SindusCon-SP
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 Indexação
 Minha Casa, Minha Vida


Fonte: CBIC

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